Pré-diabetes: sintomas, riscos e como reverter com alimentação

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Imagine descobrir que seu corpo já está dando sinais de que pode desenvolver diabetes tipo 2, mesmo antes de um diagnóstico oficial. Esse é o caso do pré-diabetes, uma condição silenciosa, mas totalmente reversível quando identificada e tratada a tempo.

Com o aumento dos casos de obesidade e sedentarismo, o número de pessoas com pré-diabetes também cresce. Segundo a Federação Internacional de Diabetes, mais de 350 milhões de pessoas vivem com essa condição no mundo, e muitas sequer sabem disso. 

Mas a boa notícia é: com mudanças na alimentação, no estilo de vida e com acompanhamento médico adequado, é possível evitar a progressão para o diabetes tipo 2.

Neste artigo, você vai entender:

  • O que é o pré-diabetes e por que ele acontece
  • Quais são os sintomas e sinais de alerta
  • Os riscos de não tratar a condição
  • Como reverter o quadro com alimentação e hábitos saudáveis
  • Como um nutrólogo pode ser essencial no processo

Vamos direto ao que importa:

 

O que é o pré-diabetes?

O pré-diabetes é uma condição em que os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não são suficientes para caracterizar o diabetes tipo 2.

É como um sinal de alerta do corpo: algo está desequilibrado no metabolismo da glicose, e isso precisa ser corrigido antes que evolua para um quadro crônico.

Critérios laboratoriais para diagnóstico de pré-diabetes:

  • Glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dL
  • Hemoglobina glicada (HbA1c) entre 5,7% e 6,4%
  • Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) entre 140 e 199 mg/dL após 2h

Esses exames são solicitados com frequência por nutrólogos e endocrinologistas, especialmente em pessoas com sobrepeso, obesidade ou histórico familiar de diabetes.

 

Principais sintomas e sinais do pré-diabetes

O pré-diabetes geralmente não apresenta sintomas evidentes, o que torna o diagnóstico precoce mais difícil. Porém, alguns sinais podem indicar que algo não está indo bem:

  • Aumento da sede e da vontade de urinar
  • Cansaço excessivo
  • Aumento da fome
  • Ganho de peso, especialmente na região abdominal
  • Escurecimento da pele em regiões como pescoço e axilas (acantose nigricans)
  • Dificuldade para perder peso

Mesmo com esses sintomas, muitas pessoas só descobrem a condição por meio de exames laboratoriais solicitados durante check-ups ou por suspeita clínica.

 

Por que o pré-diabetes é perigoso?

O principal risco do pré-diabetes é sua evolução para o diabetes tipo 2, com todas as complicações associadas à doença, como:

  • Doenças cardiovasculares (infarto, AVC)
  • Complicações renais
  • Problemas na visão
  • Neuropatias (dores, formigamentos, perda de sensibilidade)

Além disso, mesmo antes do diagnóstico de diabetes, pessoas com pré-diabetes já podem apresentar danos silenciosos aos vasos sanguíneos e ao sistema nervoso.

Por isso, reverter o quadro o quanto antes é fundamental para proteger a saúde a longo prazo.

 

Quem está mais propenso a desenvolver pré-diabetes?

Existem diversos fatores de risco associados ao desenvolvimento do pré-diabetes. Quanto mais deles uma pessoa apresenta, maior a chance de evoluir para a condição.

Principais fatores de risco:

  • Idade acima de 30 anos
  • Sobrepeso ou obesidade (IMC acima de 25)
  • Histórico familiar de diabetes tipo 2
  • Sedentarismo
  • Alimentação rica em açúcar e alimentos ultraprocessados
  • Hipertensão arterial
  • Colesterol e triglicerídeos elevados
  • Síndrome do ovário policístico (SOP)
  • Histórico de diabetes gestacional

 

A alimentação como ferramenta de reversão

A boa notícia é que o pré-diabetes pode ser revertido com intervenções eficazes, e a alimentação é um dos pilares principais.

Não se trata de dietas restritivas ou modismos temporários, mas de uma reeducação alimentar baseada em evidências.

O que incluir no cardápio:

  • Vegetais variados e coloridos: fontes de fibras, vitaminas e minerais
  • Proteínas magras: como ovos, peixes, frango, carnes magras e leguminosas
  • Gorduras boas: azeite de oliva, castanhas, abacate, sementes
  • Grãos integrais: arroz integral, aveia, quinoa, cevadinha
  • Frutas com moderação: especialmente as menos doces, como morango, kiwi e maçã

O que evitar ou reduzir:

  • Açúcares simples (doces, bolos, refrigerantes)
  • Pães e massas refinadas
  • Alimentos ultraprocessados
  • Frituras
  • Excesso de bebidas alcoólicas

Além disso, o fracionamento das refeições e o controle do índice glicêmico dos alimentos ajudam a estabilizar a glicose no sangue.

 

Outros pilares para reverter o pré-diabetes

A alimentação é o ponto de partida, mas não o único fator.

Atividade física regular

Exercícios aeróbicos e de resistência aumentam a sensibilidade à insulina e ajudam na queima de gordura.

Recomendações iniciais:

  • Caminhada, corrida leve ou bicicleta: pelo menos 150 minutos por semana
  • Treino de força: 2 a 3 vezes por semana

Sono de qualidade

Dormir mal afeta a regulação hormonal da fome e da saciedade, além de aumentar os níveis de cortisol, que impactam o metabolismo da glicose.

Controle do estresse

Altos níveis de estresse estão ligados ao aumento do apetite por carboidratos e ao descontrole glicêmico.

 

Como o nutrólogo pode ajudar

O nutrólogo é o médico especialista em metabolismo e composição corporal. Ele está capacitado para identificar o pré-diabetes e tratá-lo de forma personalizada, considerando exames, sintomas e estilo de vida do paciente.

Durante a consulta, o nutrólogo pode:

  • Solicitar exames laboratoriais específicos
  • Avaliar deficiências nutricionais
  • Prescrever suplementação se necessário
  • Identificar e tratar resistência à insulina
  • Planejar a alimentação de acordo com a individualidade do paciente
  • Monitorar evolução e prevenir complicações

Além disso, quando necessário, o nutrólogo pode prescrever medicamentos com base científica para controlar o metabolismo e prevenir a progressão para o diabetes tipo 2.

 

Informação como chave para a prevenção

O pré-diabetes é um alerta valioso que o corpo envia. Ignorar esse sinal pode levar a complicações graves, mas agir no momento certo pode mudar todo o rumo da saúde.

Com alimentação adequada, atividade física, sono de qualidade e o apoio de um nutrólogo, é possível reverter o quadro e conquistar não só o emagrecimento, mas também mais saúde e qualidade de vida.

👉 Se você tem fatores de risco para o pré-diabetes ou quer entender melhor sua saúde metabólica, agende uma consulta.

Prevenir é sempre o melhor caminho.

 

Fonte

  1. Schlesinger, S., Neuenschwander, M., Barbaresko, J., Lang, A., Maalmi, H., Rathmann, W., Roden, M., & Herder, C. (2021). Prediabetes and risk of mortality, diabetes-related complications and comorbidities: umbrella review of meta-analyses of prospective studies. Diabetologia, 65, 275 – 285. 
  2. Beulens, J., Beulens, J., Rutters, F., Rydén, L., Schnell, O., Mellbin, L., Hart, H., Vos, R., & Vos, R. (2019). Risk and management of pre-diabetes. European Journal of Preventive Cardiology, 26, 47 – 54.
  3. Khan, R., Chua, Z., Tan, J., Yang, Y., Liao, Z., & Zhao, Y. (2019). From Pre-Diabetes to Diabetes: Diagnosis, Treatments and Translational Research. Medicina, 55.