“Fechar a boca” e “comer menos” são conselhos frequentemente dados a quem deseja emagrecer. Mas, para milhares de homens e mulheres, a realidade é bem diferente: mesmo com alimentação controlada e esforço constante, a perda de peso não acontece como esperado.
Se esse é o seu caso, saiba que você não está sozinho(a) e, mais importante: isso tem explicação científica.
Várias condições médicas e desequilíbrios hormonais podem interferir diretamente no seu metabolismo, dificultando o emagrecimento. Hipotireoidismo, síndrome dos ovários policísticos, resistência à insulina, inflamação crônica, distúrbios do sono e altos níveis de cortisol são apenas alguns exemplos.
Continue a leitura para entender como essas condições afetam seu corpo e o que pode ser feito para recuperar sua saúde e conquistar o emagrecimento de forma eficaz e duradoura.
O que o corpo tenta dizer quando você não consegue emagrecer
Quando você come pouco, se exercita, mas ainda assim não perde peso, isso é um sinal de que algo está fora de equilíbrio.
O ganho ou a dificuldade em perder gordura pode ser um reflexo de alterações hormonais, processos inflamatórios, desregulações no metabolismo ou problemas no funcionamento de órgãos como a tireoide.
Ignorar esses sinais e insistir apenas em dietas restritivas pode, na verdade, piorar a situação. O corpo entra em “modo de defesa”, desacelera o metabolismo, reduz a queima de gordura e aumenta os estoques de energia.
Por isso, identificar as causas ocultas é essencial para um tratamento personalizado e realmente eficaz.
Principais condições médicas que dificultam o emagrecimento
1. Hipotireoidismo
A tireoide é uma glândula localizada no pescoço que regula diversas funções do corpo, incluindo o metabolismo. Quando ela está funcionando de forma lenta (hipotireoidismo), ocorre uma redução no gasto calórico basal, além da sensação de cansaço excessivo, dificultando a perda de peso.
Sinais comuns de hipotireoidismo:
- Cansaço excessivo
- Intestino preso
- Frio constante
- Queda de cabelo
- Inchaço
- Ganho de peso sem aumento na alimentação
2. Resistência à insulina
A insulina é um hormônio essencial para o transporte de glicose para dentro das células. Quando o corpo se torna resistente à ação da insulina, ele precisa produzir quantidades cada vez maiores para obter o mesmo efeito, o que favorece o acúmulo de gordura, especialmente na região abdominal.
Sintomas e sinais de resistência à insulina:
- Dificuldade de perder peso
- Sonolência após refeições
- Vontade de comer doces o tempo todo
- Manchas escurecidas em axilas e pescoço (acantose nigricans)
- Glicemia de jejum normal, mas com insulina elevada
3. Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)
A SOP é uma condição endócrina que afeta mulheres em idade fértil e está diretamente relacionada à resistência à insulina, alterações menstruais e ganho de peso.
Sinais característicos da SOP:
- Irregularidade menstrual
- Acne persistente
- Aumento de pelos no rosto e no corpo
- Dificuldade para emagrecer mesmo com dieta
- Ovários policísticos visíveis na ultrassonografia
4. Inflamação crônica de baixo grau
A inflamação crônica é silenciosa, mas tem um grande impacto no metabolismo. Está associada ao aumento da gordura visceral, à disbiose intestinal e à produção de citocinas inflamatórias que interferem na sensibilidade à insulina e no apetite.
Causas comuns da inflamação crônica:
- Dieta rica em ultraprocessados
- Sedentarismo
- Estresse crônico
- Poucas horas de sono
- Doenças metabólicas
5. Desequilíbrios hormonais
Além da insulina e dos hormônios da tireoide, o emagrecimento também depende de uma série de outros mensageiros hormonais que regulam a fome, a saciedade, a queima de gordura e o metabolismo basal.
Hormônios que merecem atenção:
- Leptina: regula a saciedade; pode estar elevada em quem tem obesidade, mas sem efeito.
- Grelina: estimula a fome; tende a aumentar após dietas restritivas.
- Cortisol: o hormônio do estresse, que aumenta a fome e favorece o acúmulo de gordura abdominal.
- Testosterona e estrogênio: em desequilíbrio, podem afetar diretamente o peso e a composição corporal.
6. Distúrbios do sono
Dormir mal é um dos principais sabotadores do emagrecimento. A falta de sono altera os hormônios da fome e da saciedade, piora a resistência à insulina, reduz a massa muscular e aumenta os níveis de estresse.
Consequências do sono de baixa qualidade:
- Mais fome no dia seguinte
- Desejo por carboidratos simples
- Dificuldade para perder gordura
- Cansaço crônico e baixa performance física
Por que exames laboratoriais são fundamentais
Quando se trata de emagrecimento com saúde, não basta olhar apenas para o peso na balança. Investigar a fundo o funcionamento do organismo é essencial para traçar uma estratégia eficaz.
Exames laboratoriais que ajudam a entender seu metabolismo:
- TSH, T4 livre: avaliam a função da tireoide
- Insulina e HOMA-IR: detectam resistência à insulina
- Vitamina D, B12 e ferro: deficiências impactam no metabolismo e na energia
- Cortisol: avalia o impacto do estresse
- Perfil lipídico: identifica riscos cardiovasculares
- Hemoglobina glicada: identifica pré-diabetes e diabetes tipo 2
- Marcadores inflamatórios (PCR, ferritina, IL-6): ajudam a entender o grau de inflamação do organismo
Com esses dados em mãos, é possível personalizar a conduta, ajustar a alimentação, indicar suplementações e, se necessário, prescrever medicamentos seguros.
Como o nutrólogo pode ajudar
A atuação do médico nutrólogo vai muito além da indicação de dietas. Ele é capacitado para investigar desequilíbrios internos, solicitar exames, interpretar os resultados e propor um plano de tratamento baseado em evidências.
O que o nutrólogo faz por você:
- Analisa seu histórico clínico, hormonal e metabólico
- Solicita exames completos e direcionados
- Monta um plano alimentar viável e sustentável
- Acompanha sua evolução com base em parâmetros de saúde
- Atua de forma integrada com outros profissionais (nutricionistas, endocrinologistas, psicólogos)
Conclusão: seu corpo não é preguiçoso, ele está pedindo ajuda
Se você se esforça, come pouco e mesmo assim não emagrece, o problema pode estar muito além das calorias.
Condicionantes como hipotireoidismo, SOP, resistência à insulina, inflamação crônica, distúrbios do sono e desequilíbrios hormonais devem ser levados a sério e investigados com o suporte de um médico especializado.
O caminho para um corpo mais leve, com saúde e energia, passa por autoconhecimento, diagnóstico preciso e um plano de tratamento baseado em evidências.
📅 Agende uma consulta e comece a tratar as causas, não apenas os sintomas.
Fonte
- Glueck, C., & Goldenberg, N. (2019). Characteristics of obesity in polycystic ovary syndrome: Etiology, treatment, and genetics.. Metabolism: clinical and experimental, 92, 108-120.
- Koren, D., & Taveras, E. (2018). Association of sleep disturbances with obesity, insulin resistance and the metabolic syndrome.. Metabolism: clinical and experimental, 84, 67-75.
- Hewagalamulage, S., Lee, T., Clarke, I., & Henry, B. (2016). Stress, cortisol, and obesity: a role for cortisol responsiveness in identifying individuals prone to obesity. Domestic animal endocrinology, 56 Suppl, S112-20 ..