Nos últimos anos, os medicamentos injetáveis para emagrecimento ganharam os holofotes. Termos como semaglutida, liraglutida e, mais recentemente, tirzepatida, se tornaram comuns nas redes sociais, em reportagens e nas conversas de consultório. Mas, junto com essa popularidade, surgiram muitas dúvidas, e também muita desinformação.
Então, as dúvidas aparecem: como esses medicamentos atuam no seu metabolismo? Por que nem todo mundo responde da mesma forma? Para quem eles são indicados e o que realmente esperar dos resultados.? Eles podem (ou não) fazer parte da sua jornada de perda de peso com saúde? Vou responder a tudo isso!
O que são os medicamentos injetáveis para emagrecimento?
Os medicamentos injetáveis para emagrecimento mais conhecidos atualmente fazem parte de uma classe chamada análogos de GLP-1 ou agonistas do receptor de GLP-1. Esse grupo inclui:
- Semaglutida (nomes comerciais: Ozempic®, Wegovy®)
- Liraglutida (nome comercial: Saxenda®)
- Tirzepatida (nome comercial: Mounjaro®)
Essas substâncias imitam a ação de um hormônio natural do corpo, o GLP-1 (glucagon-like peptide-1), que é liberado pelo intestino após a ingestão de alimentos. Ele atua:
- Estimulando a saciedade no cérebro
- Retardando o esvaziamento gástrico (fazendo com que a comida permaneça mais tempo no estômago)
- Reduzindo a fome
- Diminuindo a secreção de insulina (em alguns casos)
A tirzepatida vai além: além do GLP-1, ela também ativa o receptor do GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide), promovendo ainda mais efeitos no controle do apetite e da glicose.
Como esses medicamentos atuam no metabolismo?
Apesar de populares por sua ação no controle da fome, os medicamentos não agem apenas no apetite. Eles afetam diferentes aspectos do metabolismo, como:
1. Redução da ingestão calórica
Com menos fome e maior saciedade, o consumo alimentar espontaneamente diminui — sem necessidade de dietas extremamente restritivas.
2. Melhora da sensibilidade à insulina
Pessoas com sobrepeso frequentemente apresentam resistência à insulina, o que dificulta a perda de peso. Esses medicamentos ajudam a restaurar a resposta à insulina, contribuindo para o controle glicêmico e a quebra de gordura corporal.
3. Efeitos anti-inflamatórios
Estudos mostram que os análogos de GLP-1 também exercem um efeito anti-inflamatório leve, o que pode beneficiar pessoas com inflamação crônica de baixo grau — comum em quadros de obesidade.
4. Proteção cardiovascular e metabólica
Além do emagrecimento, esses medicamentos reduzem o risco de eventos cardiovasculares, melhoram o perfil lipídico e ajudam na regulação de marcadores como triglicerídeos e colesterol.
Para quem os medicamentos injetáveis são indicados?
Esses medicamentos não são para todos — e, definitivamente, não devem ser utilizados por conta própria. A indicação correta depende de avaliação médica criteriosa.
Segundo as diretrizes clínicas e os estudos disponíveis, os injetáveis são indicados para:
- Pessoas com IMC ≥ 30 kg/m² (obesidade)
- Pessoas com IMC ≥ 27 kg/m² (sobrepeso) com alguma comorbidade associada (como hipertensão, diabetes tipo 2, apneia do sono ou dislipidemia)
- Pacientes com dificuldade de aderir a mudanças de estilo de vida e que não obtiveram resultados com estratégias convencionais
Contraindicações incluem:
- Histórico de pancreatite
- Câncer medular de tireoide ou história familiar da doença
- Gravidez e lactação
- Hipersensibilidade ao princípio ativo
Importante: A avaliação médica é indispensável antes de iniciar qualquer tratamento farmacológico.
Por que algumas pessoas respondem melhor do que outras?
Essa é uma das perguntas mais frequentes em consultório. E a resposta é multifatorial. Entre os principais fatores que influenciam a resposta ao tratamento com injetáveis estão:
1. Genética
Polimorfismos genéticos podem afetar desde o metabolismo dos medicamentos até a sinalização de saciedade no cérebro.
2. Estado hormonal
Desequilíbrios como hipotireoidismo, resistência à insulina, síndrome dos ovários policísticos ou menopausa podem dificultar o processo de emagrecimento, mesmo com uso de fármacos.
3. Alimentação e estilo de vida
Os medicamentos ajudam — mas não fazem milagre. Uma alimentação inflamatória ou pobre em nutrientes pode limitar os resultados. O mesmo vale para o sedentarismo e privação de sono.
4. Nível de inflamação crônica
Pessoas com níveis elevados de inflamação sistêmica podem apresentar uma resistência maior à perda de peso, mesmo com medicamentos.
Resultados esperados com cada medicamento
Semaglutida (Wegovy® / Ozempic®)
- Redução média de 15% do peso corporal em estudos clínicos
- Melhora da glicemia em pacientes com pré-diabetes ou diabetes tipo 2
- Redução da circunferência abdominal
- Benefícios cardiovasculares comprovados
Percentual de perda de peso usando a semaglutida
Liraglutida (Saxenda®)
- Redução média de 5% a 8% do peso corporal
- Indicação aprovada para emagrecimento desde 2014
- Exige uso diário, o que pode impactar a adesão
Percentual de perda de peso com a Liraglutida
Tirzepatida (Mounjaro®)
- Redução de até 20% do peso corporal em estudos mais recentes
- Atuação dupla: GLP-1 + GIP
- Potencial terapêutico elevado, especialmente para pacientes com obesidade severa
Percentual de perda de peso usando a Tirzepatida
Importante: Os resultados variam de acordo com o tempo de uso, dose prescrita, adesão ao tratamento e mudanças de estilo de vida.
Comparativo: semaglutida vs. liraglutida vs. tirzepatida

O que esperar do tratamento?
Ao contrário das promessas milagrosas, o tratamento com injetáveis deve ser encarado como parte de uma estratégia completa e segura de emagrecimento, com acompanhamento médico.
Durante o tratamento, é esperado:
- Redução gradual e sustentável de peso
- Menos compulsão alimentar e mais controle de porções
- Melhora dos exames laboratoriais (glicemia, colesterol, triglicerídeos)
- Ganhos na qualidade do sono e disposição física
- Redução do risco cardiovascular e metabólico
Não é esperado:
- Perda de peso muito rápida sem mudança de estilo de vida
- Efeito duradouro sem acompanhamento
- Uso contínuo sem avaliação médica periódica
Efeitos colaterais mais comuns
Embora sejam seguros quando bem indicados, os medicamentos injetáveis podem causar efeitos colaterais (como qualquer outro medicamento), especialmente nas primeiras semanas:
- Náuseas
- Vômitos
- Diarreia ou constipação
- Refluxo
- Tontura ou fadiga
A maioria desses efeitos é transitória e melhora com o tempo. Em casos mais graves, o médico pode ajustar a dose ou trocar o medicamento.
Afinal, vale a pena?
Os medicamentos injetáveis para emagrecimento são ferramentas poderosas, mas precisam ser usados com responsabilidade. Eles não substituem um estilo de vida saudável, e sim funcionam como aliados estratégicos para pessoas que precisam de suporte extra na perda de peso.
Ao buscar esse tipo de tratamento, procure um médico que avalie seu histórico clínico, seu metabolismo e seu perfil individual. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra.
Emagrecer com saúde é possível, mas exige ciência, estratégia e acompanhamento.
Se você sente que já tentou de tudo e ainda não conseguiu resultados duradouros, talvez esteja na hora de uma abordagem médica personalizada.
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Fonte
- Selvagem JPH, Batterham RL, Calanna S, Davies M, Van Gaal LF, Lingvay I, et al. Semaglutide once weekly in adults with overweight or obesity. N Engl J Med. 2021 Mar 18;384(11):989–1002. doi:10.1056/NEJMoa2032183.
- Lundgren JR, Janus C, Jensen SBK, Juhl CR, Olsen LM, Christensen RM, et al. Healthy weight loss maintenance with exercise, liraglutide, or both combined. N Engl J Med. 2021 May 6;384(18):1719–1730. doi:10.1056/NEJMoa2028198.
- Jastreboff AM, Aronne LJ, Ahmad NN, Wharton S, Connery L, Alves B, et al. Tirzepatide once weekly for the treatment of obesity. N Engl J Med. 2022 Jul 21;387(3):205–216. doi:10.1056/NEJMoa2206038.