Má absorção após retirada do intestino: como identificar e tratar

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Introdução

A retirada de parte do intestino (enterectomia) pode causar má absorção de nutrientes, levando a perda de peso, fraqueza e sintomas digestivos.

Esse quadro é mais comum do que se imagina — e exige acompanhamento médico. Neste artigo, você vai entender como a má absorção acontece após a cirurgia intestinal e o que fazer para recuperar a saúde.


O que é má absorção após retirada do intestino?

Após uma enterectomia, o corpo perde parte da superfície intestinal usada para absorver:

  • proteínas,

  • gorduras,

  • vitaminas,

  • minerais e

  • água.

Essa condição é chamada de síndrome de má absorção intestinal e pode acontecer tanto em cirurgias pequenas quanto em ressecções extensas.


Principais sintomas de má absorção

Fique atento se você apresenta:

  • Perda de peso involuntária

  • Diarreia crônica

  • Fezes gordurosas e volumosas

  • Fraqueza e cansaço constante

  • Queda de cabelo ou unhas fracas

  • Deficiência de ferro, B12 ou vitamina D

  • Tontura ou câimbras

Esses sinais indicam que o corpo não está aproveitando os nutrientes da alimentação.


Quando a má absorção é mais comum?

Ela é mais frequente quando:

  • A cirurgia remove mais de 100 cm de intestino delgado

  • O intestino remanescente é o jejuno

  • Há jejum prolongado no pós-operatório

  • Há perda de íleo terminal (onde se absorve B12 e sais biliares)

Nestes casos, pode haver também o desenvolvimento da síndrome do intestino curto.


Como é feito o diagnóstico?

O médico nutrólogo pode solicitar:

  • Exames laboratoriais: proteínas, vitaminas, eletrólitos

  • Análise das fezes: gordura fecal, elastase

  • Avaliação clínica: peso, composição corporal, sintomas

Com essas informações, o plano de tratamento pode ser estruturado.


Tratamento da má absorção intestinal

O tratamento é sempre individualizado, mas geralmente envolve:

1. Alimentação fracionada e específica

  • De 5 a 7 refeições por dia

  • Fontes de proteína de fácil digestão

  • Redução de fibras insolúveis nos primeiros meses

  • Aumento gradual da ingestão calórica

  • Uso de triglicerídeos de cadeia média (TCM) em vez de gorduras comuns

2. Suplementação de nutrientes

  • Ferro, zinco, magnésio, cálcio

  • Vitaminas A, D, E, K e B12

  • Pode ser oral, sublingual ou injetável, conforme o caso

3. Enzimas digestivas (quando indicadas)

  • Em pacientes com má digestão associada

4. Nutrição enteral ou parenteral

  • Indicada em casos mais graves, com intestino curto e perda de absorção severa


Quando procurar um nutrólogo?

Procure atendimento se:

  • Perdeu mais de 5% do peso corporal em 1 mês

  • Tem sintomas digestivos persistentes

  • Apresenta carências nutricionais nos exames

  • Está com alimentação aparentemente adequada, mas sem melhora clínica


Conclusão

A má absorção após retirada do intestino é uma complicação comum, mas que pode ser tratada com acompanhamento médico adequado.

O papel do nutrólogo é identificar as deficiências, reestruturar a alimentação, corrigir os nutrientes e prevenir a desnutrição. Não deixe sua saúde esperar.


Referências (formato Vancouver)

  1. Jeppesen PB. Short bowel syndrome: characterization and management. Clin Gastroenterol Hepatol. 2014;12(12):1793–1805.

  2. DiBaise JK, Young RJ, Vanderhoof JA. Intestinal rehabilitation and the short bowel syndrome. Am J Gastroenterol. 2004;99(8):1437–1448.

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