Exames laboratoriais na nutrologia: o que realmente importa avaliar para emagrecer e ganhar saúde - Dr. Claudemir Campos

Exames laboratoriais na nutrologia: o que realmente importa avaliar para emagrecer e ganhar saúde

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Se você tem mais de 30 anos e já tentou emagrecer com dieta e exercícios, mas não alcançou os resultados esperados, saiba que o problema pode não estar apenas na sua força de vontade. A verdade é que emagrecer com saúde envolve muito mais do que fechar a boca e suar a camisa.

Existem fatores bioquímicos e metabólicos que influenciam diretamente a forma como seu corpo responde aos estímulos. E é aí que entram os exames laboratoriais, ferramentas fundamentais da nutrologia para investigar o que realmente está impedindo o seu progresso.

Continue a leitura para descobrir quais são os principais exames que avaliam o metabolismo, os hormônios, o intestino, os níveis de inflamação e os micronutrientes, e por que esses dados são cruciais para conquistar um emagrecimento saudável, duradouro e personalizado.

 

Por que os exames são essenciais para emagrecer com saúde?

O exame de bioimpedância pode mostrar seu percentual de gordura. A balança pode dizer se você perdeu ou ganhou peso. Mas nenhum deles revela o que está acontecendo dentro do seu corpo.

É nos exames laboratoriais que descobrimos, por exemplo:

  • Se você tem resistência à insulina, dificultando o uso da gordura como fonte de energia.
  • Se há inflamação crônica atrapalhando a sinalização hormonal.
  • Se existe déficit de nutrientes essenciais para a produção de energia.

Essas informações mudam tudo na hora de montar uma conduta realmente eficaz e personalizada.

Principais exames laboratoriais para o emagrecimento

1. Avaliação metabólica básica

Objetivo: Investigar a regulação da glicose, perfil lipídico e risco cardiovascular.

  • Glicemia de jejum
  • Hemoglobina glicada (HbA1c)
  • Insulina de jejum
  • HOMA-IR (índice de resistência à insulina)
  • Perfil lipídico completo: colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos

Por que são importantes? A resistência à insulina é uma das principais causas de acúmulo de gordura visceral. Já alterações no colesterol e triglicerídeos podem indicar disfunções metabólicas silenciosas que prejudicam a perda de peso.

2. Avaliação hormonal

Objetivo: Avaliar a influência de hormônios que controlam o metabolismo, apetite e composição corporal.

  • TSH, T4 Livre (função tireoidiana)
  • Cortisol (hormônio do estresse)
  • Testosterona total e livre 
  • Estradiol (principalmente na menopausa)

Por que são importantes? Hormônios desregulados podem desacelerar o metabolismo, aumentar a fome, promover retenção de gordura e dificultar a construção de massa muscular.

3. Avaliação de inflamação e estresse oxidativo

Objetivo: Identificar inflamações silenciosas que dificultam o emagrecimento.

  • Proteína C reativa ultrassensível (PCR-us)
  • Ferritina (também marcador inflamatório)
  • VHS (velocidade de hemossedimentação)

Por que são importantes? A obesidade está associada a um estado inflamatório crônico de baixo grau, que afeta diretamente o funcionamento dos hormônios relacionados à fome, saciedade e queima de gordura.

4. Exames relacionados ao sistema nervoso e energia

Objetivo: Avaliar nutrientes essenciais para disposição física, humor e controle de apetite.

Por que são importantes? Esses nutrientes participam da produção de energia, neurotransmissores como serotonina e dopamina, e são fundamentais para um bom rendimento físico e emocional durante o processo de emagrecimento.

5. Avaliação hepática e renal

  • AST (TGO) e ALT (TGP)
  • GGT
  • Ureia e creatinina

Por que são importantes? Fígado e rins saudáveis são essenciais para metabolizar toxinas, hormônios e medicamentos. Alterações podem sinalizar esteatose hepática (gordura no fígado), comum em pessoas com sobrepeso e obesidade.

6. Avaliação do intestino e microbiota (casos específicos)

Objetivo: Entender como está o equilíbrio das bactérias intestinais e absorção de nutrientes.

  • Coprocultura (presença de patógenos)
  • Teste de disbiose (avaliar desequilíbrio da microbiota)

Por que são importantes? Um intestino inflamado ou desequilibrado pode prejudicar a absorção de nutrientes, causar compulsões alimentares e influenciar diretamente o metabolismo e o sistema imunológico.

 

Como os exames ajudam a personalizar o plano de emagrecimento?

Identificação de causas ocultas

Com os exames, é possível descobrir desequilíbrios que estão bloqueando a perda de peso, mesmo com dieta e exercício. Por exemplo: um paciente com insulina alta não emagrece bem com dietas ricas em carboidratos. Já um paciente com hipotiroidismo pode precisar de ajuste hormonal antes de ver resultados.

Acompanhamento de progresso

Os exames também servem para monitorar a eficácia da estratégia adotada. O emagrecimento saudável é aquele que melhora a composição corporal e os marcadores clínicos, e não apenas o peso na balança.

Otimização da suplementação e medicação

A partir dos resultados, o médico pode prescrever suplementos, fitoterápicos ou medicamentos de forma segura e precisa, potencializando os efeitos desejados e corrigindo deficiências que atrapalham a evolução.

 

Emagrecimento exige investigação

O emagrecimento sustentável não começa com uma dieta. Começa com uma investigação.

Se você já tentou de tudo e mesmo assim sente que seu corpo não responde, talvez esteja na hora de olhar mais fundo. Avaliar seus exames é o primeiro passo para entender seu metabolismo e adotar uma estratégia realmente eficaz.

👉 Agende uma consulta e descubra o que seu corpo está tentando te dizer.

 

Fontes:

  1. Luc Van Gaal, André Scheen; Weight Management in Type 2 Diabetes: Current and Emerging Approaches to Treatment. Diabetes Care 1 June 2015; 38 (6): 1161–1172. https://doi.org/10.2337/dc14-1630
  2. Calder, P., Ahluwalia, N., Brouns, F., Buetler, T., Clément, K., Cunningham, K., Esposito, K., Jönsson, L., Kolb, H., Lansink, M., Marcos, A., Margioris, A., Matusheski, N., Nordmann, H., O’Brien, J., Pugliese, G., Rizkalla, S., Schalkwijk, C., Tuomilehto, J., Wärnberg, J., Watzl, B., & Winklhofer-Roob, B. (2011). Dietary factors and low-grade inflammation in relation to overweight and obesity. British Journal of Nutrition, 106, S1 – S78.. 
  3. Aureli, A., Recupero, R., Mariani, M., Manco, M., Carlomagno, F., Bocchini, S., Nicodemo, M., Marchili, M., Cianfarani, S., Cappa, M., & Fintini, D. (2023). Low Levels of Serum Total Vitamin B12 Are Associated with Worse Metabolic Phenotype in a Large Population of Children, Adolescents and Young Adults, from Underweight to Severe Obesity. International Journal of Molecular Sciences, 24. https://doi.org/10.3390/ijms242316588.
  4. Mallard, S., Howe, A., & Houghton, L. (2016). Vitamin D status and weight loss: a systematic review and meta-analysis of randomized and nonrandomized controlled weight-loss trials.. The American journal of clinical nutrition, 104 4, 1151-1159 . https://doi.org/10.3945/AJCN.116.136879.

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